
Pensava naquele momento, em como
os amores são efémeros e como juramos tantas vezes amor eterno ao longo da
vida. Por vezes sinceros, por vezes só porque o momento assim o exigia e
algumas vezes porque era o que queríamos que fosse.
Daquele banco, sentado, via
crianças a brincar, casais a namorar, famílias a passear com os pais de mãos
dadas a observar a sua prole e via alguns como eu sentados, sós, esperando
alguma coisa ou alguém ou simplesmente esperando que o tempo passasse para
voltarem para uma solidão em que não esperavam já ninguém.
Todos eles tinham seguramente, em
algum momento, jurado amor eterno ou ouvido alguém dizer-lhes que estariam
juntos para sempre e todos eles acreditaram que naquele dia, naquele banco, não
estariam sozinhos.
Eu observava os olhares, as mãos
que não sabiam como se colocar em cima do colo, as poses de quem quer parecer que
espera alguém. Observava a pessoas que observavam as pessoas que também as
observavam, num carrossel em que cada um ocupava o espaço que lhe era destinado.
As crianças nos baloiços, os casais e as famílias a caminhar, deixando os
bancos para aqueles que já não esperam voltar a percorrer aqueles caminhos de
mãos dadas.
Era como se os bancos tivessem
uma placa a dizer: “ RESERVADO” e se a reserva tivesse sido feita no momento em
que o Amor eterno jurado, gritado e muitas vezes chorado, acabou. São tantas as razões para que acabe o Amor que todos eles teriam diferentes historias para contar se alguém algum dia os quisesse ouvir.
Quando os Amores eternos se
tornam efémeros e desaparecem, todos eles marcam lugar naqueles bancos em que esperam a
hora de voltar para a solidão no final da tarde quando a brisa arrefece e
convida a levantar.
Usam para voltar, o mesmo caminho
que os casais e as famílias usam para caminhar mas o andar é diferente e eles
querem sair rapidamente daquele local que não lhes pertence e que só usarão no
dia seguinte para voltar.
Sentado no meu banco de jardim,
sinto a brisa a arrefecer e levanto-me !
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