
Nos lençóis ainda húmidos e quentes ela soltava um gemido muito baixo, enquanto agarrava a ponta do lençol. Tinham feito Amor como já tinham feito tantas vezes e ela tinha fingido como já fingira muitas vezes. Fingiu o orgasmo e fingiu o Amor.
Era mais fácil fingir o primeiro
que o segundo e enquanto gemia, pensava em quanto mais tempo teria que fingir o Amor?
Uma casa ainda não paga na totalidade, os filhos a estudar na Universidade, um
conforto que ela não tinha meios de pagar, A família que não compreenderia!
Muitos obstáculos para dizer uma
simples frase: Já não te Amo!
Ela sabia que o dia em que soltasse
essa frase, o seu Mundo ficaria abalado de forma irreversível e nunca mais
seria o mesmo.
Quantos orgasmos fingidos valeria
manter as coisas como estão? Mas mais que isso, Quando orgasmos verdadeiros
perdidos poderia durar esta situação?
Contabilizar o tempo em orgasmos fingidos e perdidos era mais fácil e menos doloroso do que contar os dias e semanas em que pouco falavam porque
pouco tinham para dizer. Não se detestavam nem se odiavam, simplesmente e de
uma forma trágica, suportavam-se.
Os pequenos defeitos que eram tão
“giros” no início, tornaram-se insuportáveis com o tempo, e finalmente passaram
a ser ignorados, tornando agora a própria vida insuportável.
Ela Queria Amar, Queria Amar como
talvez já tivesse amado há muitos anos, quando infelizmente ainda não sabia o
que era Amar. Queria desejar e ser desejada como já não o era há muito.
Enquanto, na ponta da cama, agarrava a ponta do
lençol com cada vez mais força, ele estava deitado ao seu lado, a respirar já lentamente, sem
que fizesse tenção de a abraçar ou sequer de a tocar. Nesse preciso momento, ela sentiu a força necessário e da sua boca, em vez do gemido, saiu um : "Já não te Amo !"
Meio adormecido pelo esforço do
sexo consumado, e já sonolento ele virou-se para ela e perguntou:
- Que disseste meu Amor
?
- .mmm.....Nada, disse ela, Dorme, meu Bem !
Largou o lençol, soltou um ultimo
gemido e fechou os olhos ….. Fingindo Dormir !
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