Falar sobre nada e fazer parecer o assunto importante é uma coisa que alguns chamam de …capacidade política ou é simplesmente ser-se chato !
Este exercício de escrita foi feito há muitos anos quando me foi pedido, durante o serviço militar, para dissertar sobre alguma coisa sem sentido, para avaliar a capacidade de improviso como futuro graduado. Do meu improviso nasceu alguma coisa parecida com isto que tentei recriar de memória …
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As moscas são insectos que
normalmente se reproduzem com extrema facilidade em locais onde abundam excrementos,
a sua presença era contínua em tempos remotos onde a higiene era ainda
desconhecida e as ruas eram pavimentadas de cores e cheiros vários.
Belas damas retratadas por
pintores da época, tomavam banho às mãos de serviçais que não abusavam na
quantidade de água, porque tal prática era tida por ser pouco saudável como
todo o abuso de líquidos não ingeridos.
Neste “Paraíso” de cheiros e
cores que hoje consideraríamos ofensivos, viviam as Donas moscas que eram os
verdadeiros senhores destes reinos.
Nestas novas cidades viviam igualmente
todo o tipo de artesãos que procuravam servir as suas gentes com necessidades
nova e crescentes.
Uma dessas necessidades eram as
doçarias, muitas vezes trazidas ao conhecimento geral pelas ordens religiosas
que entre masturbações pouco satisfatórias e orações muito pouco devotas,
ocupavam os seus tempos com o prazer da Gula que substituía outros prazeres,
porventura nem sempre fáceis de concretizar.
Quis o acaso que umas destas
iguarias nascesse num mosteiro de uma forma muito ligada às moscas e é essa história
que vou tentar contar aqui.
Reza a história que quando um
Frade obeso preparava os ingredientes para confecionar um belo pão de forno,
segundo uma receita que passara de mão em mão no mosteiro, deu-lhe uma
repentina vontade de satisfazer umas necessidades fisiológicas prementes.
Com uma rapidez que se lhe não
via no caminho para as orações matinais, o Frade foi agachar-se por trás de uma
oliveira que lhe cobria somente meia nádega mas que lhe dava uma sensação de
segurança e aí sem demoras, e com um sorriso na cara, despejou no terreno do
mosteiro os restos de um almoço frugal, ainda condimentado com o jantar mal
digerido da noite anterior.
Resultou daí um festim para a
moscarada que de súbito invadiu o local e celebrou tal comezaina, chamando
familiares e amigos.
Acabado o serviço, o Frade
levantou-se e voltou para a cozinha. Naquele tempo e naquele local, o papel era
para os escritos sagrados e se uma boa cagadela também não deixava de o ser, o
papel para tal não chegava. Sobre a água….. Já falamos no início do texto.
Levando consigo um rasto de
cheiro a Merda, o Frade entrou na cozinha para continuar a preparação do já
referido pão de forno, arrastando consigo sem o saber, uma legião de fãs que o
seguiam.
Hoje as versões sobre a
quantidade de moscas variam, mas o frade jurou até à morte que eram milhares as
que invadiram a sua cozinha e o obrigaram a juntar todos os ingredientes
segundo uma ordem e quantidades que não eram aquelas que o pão precisava para
os proteger da súbita invasão.
Sem talheres à mão, para retirar
as moscas que entretanto se tinham prendido à mistura, o frade partiu ovos para
usar a casca como colher improvisada. Depois de limpa de moscas a mistura para
pão estava coberta de ovos e já nunca mais seria pão, por mais divina que fosse
a sua preparação.
Perante o sucedido e sem tempo
para mais, o frade juntou a sua energia para bater a massa que resultou do
infeliz acontecimento e os ovos que entretanto partira; juntou-lhe açúcar para
dar sentido aos ovos e levou ao forno rezando para que dali saísse alguma coisa
comestível.
A força do seu braço direito,
experimentado por muitas noite de Amor solitário, era descomunal, e tinha
batido de tal forma a massa que conseguira que ela arejasse o suficiente para
que, saindo do forno, o resultado fosse excelente.
Bem amarelo, que as galinhas do
Mosteiro eram uma maravilha e bem leve, o Pão era doce e foi para a mesa do
mosteiro no final do dia
Lot , era o nome do Frade, e o
pão teve um sucesso estrondoso no mosteiro passando a chamar-se pão-de-Lot e
obrigando a repetições em dias de festa.
Um dia, em confissão, e com o
fardo da pecado da mentira sobre ele, o Pobre frade admitiu que a autoria do
bolo resultara do acaso da merda e das moscas
O frade superior achou que esse
assunto não dizia respeito somente a Deus e divulgando a confissão no mosteiro,
o Pobre coitado foi tratado até ao fim dos seus dias como o inventor do pão de
merda que hoje conhecemos como pão-de-ló.
Não podemos por isso relativizar
a importância fulcral das moscas no fabrico do pão-de-ló !!!