VISTO DAQUI.... NÃO SEI

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Relações Spotify ou Relações Vinil



EM 1995 ou em 2005, portanto há menos de 10 anos, Muita coisa era diferente.

Quando comprávamos um Disco de Vinil ou um CD, havia todo um prazer associado à procura na loja e à compra.
 Depois partíamos para casa com ânsia de ouvir a nova aquisição e durante dias não ouvíamos mais nada.
Foi assim que muitos de nós cresceram. Cada vez que ouvíamos um Disco ou um CD, o gesto de o retirar do seu invólucro era sagrado e feito com cerimónia, como se isso alterasse a futura experiência de o ouvir.

Apesar de gostarmos de várias coisas e de cada música, banda ou género ter o seu momento, éramos de alguma forma monogâmicos em relação à música.

Adquiríamos alguma coisa para durar e por isso éramos selectivos nas escolhas e cuidadosos no tratamento.

Hoje é a Geração Spotify  : adquirimos o direito de ouvir ou ver o que quisermos, quando quisermos, sem criar laços de afectividade com as nossas escolhas. Fast-Food, Fast-Music, Fast Movie….. Fast Love !

Não tomamos o tempo necessário a apreciar e criar uma relação com a música porque estamos desejosos de ouvir Tudo, de ver Tudo sem ter feito uma selecção cuidadosa, pensada e sobretudo com a premissa que era algo para a vida!

Nas relações, hoje, estamos cada vez mais cerca das relações Spotify  ou  Netflix em que os parceiros são distribuídos em cardápios disponíveis em redes sociais com pessoas virtuais, mais ou menos virtuosas. 
Clicamos e espreitamos a sua vida, como se fosse um teaser, clicamos ou passamos à frente, para o próximo. Se responder, óptimo, senão há milhares à espera!

Em 2015, somos descartáveis. Não criamos uma relação de afecto e estima, directamente proporcional ao prazer da busca. Hoje a busca está à distância de um clique e o fim de um romance é muitas vezes também um clique sobre “ignorar” ou “Apagar”.

Não quero ser Spotify!

Adoro o barulho da agulha no Vinil e a tristeza do risco no disco. Quero apreciar aquele defeito Único que fazia a música saltar naquele momento; não quero perfeição ilusória nem pertença ilusória.

Quero ser Um disco de Vinil e tocar até que já só se oiçam os riscos e uma vaga lembrança da música que antes era.


Quero envelhecer num armário que seja teu e não num qualquer arquivo digital numa qualquer nuvem que nunca fará chover!




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