EM 1995 ou em 2005, portanto há menos de 10 anos, Muita
coisa era diferente.
Quando comprávamos um Disco de Vinil ou um CD, havia todo um
prazer associado à procura na loja e à compra.
Depois partíamos para casa com ânsia de ouvir a nova aquisição e durante dias não ouvíamos mais nada.
Foi
assim que muitos de nós cresceram. Cada vez que ouvíamos um Disco ou um CD, o
gesto de o retirar do seu invólucro era sagrado e feito com cerimónia, como se
isso alterasse a futura experiência de o ouvir.
Apesar de gostarmos de várias coisas e de cada música, banda
ou género ter o seu momento, éramos de alguma forma monogâmicos em
relação à música.
Adquiríamos alguma coisa para durar e por isso éramos selectivos nas escolhas e cuidadosos no tratamento.
Hoje é a Geração Spotify : adquirimos o direito de ouvir ou ver o que quisermos,
quando quisermos, sem criar laços de afectividade com as nossas escolhas. Fast-Food,
Fast-Music, Fast Movie….. Fast Love !
Não tomamos o tempo necessário a apreciar e criar uma
relação com a música porque estamos desejosos de ouvir Tudo, de ver Tudo sem ter
feito uma selecção cuidadosa, pensada e sobretudo com a premissa que era algo
para a vida!
Nas relações, hoje, estamos cada vez mais cerca das relações Spotify ou Netflix em que os parceiros são distribuídos em
cardápios disponíveis em redes sociais com pessoas virtuais, mais ou menos
virtuosas.
Clicamos e espreitamos a sua vida, como se fosse um teaser, clicamos
ou passamos à frente, para o próximo. Se responder, óptimo, senão há milhares à espera!
Em 2015, somos descartáveis. Não criamos uma relação de afecto e estima, directamente proporcional ao prazer da busca. Hoje a busca está à distância
de um clique e o fim de um romance é muitas vezes também um clique sobre “ignorar”
ou “Apagar”.
Não quero ser Spotify!
Adoro o barulho da agulha no Vinil e a tristeza do risco no disco.
Quero apreciar aquele defeito Único que fazia a música saltar naquele momento;
não quero perfeição ilusória nem pertença ilusória.
Quero ser Um disco de Vinil e tocar até que já só se oiçam
os riscos e uma vaga lembrança da música que antes era.
Quero envelhecer num armário que seja teu e não num qualquer
arquivo digital numa qualquer nuvem que nunca fará chover!
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