Muitas vezes, um simples insulto
de vez em quando seria melhor e mais barato que todas as outras soluções
alternativas que não passam de paliativos.
São as vezes em que não dizemos
ao nosso superior aquilo que nos vai na alma e engolimos em seco, soltando um: “OK, tudo bem !”;
É quando guardamos dia após dia, aquilo que nos apetece dizer ao nosso companheiro
ou companheira mas que não temos coragem de dizer porque sabemos que os
resultados vão ser catastróficos.
É o “ vá para a p….que te pariu! “ Que abafamos quando um polícia
nos multou por ir a 91 km/h num local de velocidade limite de 80 km/h.
É no
fundo tudo aquilo que esta socialização nos impõe como regras de conduta e que
nos obriga a ser comportados de acordo com normas mais ou menos bem definidas
mas na sua maioria injustas e castradoras.
Não podemos insultar crianças, nem velhinhos, nem
freiras, nem mulheres, nem 90% das pessoas com quem nos cruzamos, quando a
maioria até o merece em algum momento (inclusivamente nós).
Então que fazemos? Inscrevemo-nos
numa aula de Ioga, começamos a correr ou vamos ao futebol para poder insultar tudo
e todos naqueles 90 minutos; insultamos a mulher, o marido, a vizinha, o
patrão, o Policia, etc. e voltamos para casa mais felizes.
.
Os psicólogos dizem-nos que não devemos
acumular e que devemos ser frontais e dizer o que nos vai na alma, como se isso fosse possível
ou como se eles mesmos o conseguissem fazer.
Desafio qualquer psicólogo a dizer
à Mulher: “ Não te vou responder, porque perguntares que vestido te fica melhor
é uma armadilha e vais ficar chateada qualquer que seja a resposta e se queres
mesmo saber, tanto me faz,porque nessa festa eu vou é olhar para as outras
Mulheres, porque a ti vejo-te todos os dias com e sem vestido” ou ao Policia: ”Sr.
Agente, independentemente de ter razão, não deixa de ser um filho da p…. porque
aqui ninguém respeita o limite e tenho a certeza que se passasse aqui com o seu
carro fazia a mesmo”.
Alivio? Obviamente que sim mas consequências
desastrosas em ambos os casos e estamos a falar de unicamente de duas das centenas
de coisas que nos moem no dia-a-dia.
Eu gostava de poder insultar a velhinha que se faz de distraída na caixa de supermercado,
para passar à minha frente quanto tem todo o tempo do Mundo, só porque é velha;
gostava de mandar para um determinado sitio o meu vizinho que todos os dias tem um cheiro
maravilhoso a sair da casa dele à hora de jantar e que faz como que os meus take-aways saibam a papel. Gostava de chamar nomes ao pai daquela criança que corre feliz,todos os domingos à tarde das 14 às 19,no andar acima do meu (como os meus já
fizeram por cima do meu vizinho de baixo).
Insultar não significa que
desejamos mal ou desprezamos a pessoa que insultamos; é tão-somente a
necessidade de,num determinado momento, soltarmos aquilo que temos acumulado.
Aquele que despejou a última gota que encheu o copo só teve azar de estar naquele sitio, naquele momento, como quando no
escritório, calha-nos a nós apanhar a máquina de café sem água e temos de
encher o reservatório.
A sociedade deveria permitir que
nos insultemos de forma carinhosa: “ Minha senhora, Vá-se-f… , eu percebi que
quer passar e até ia lhe dar o lugar mas agora que está armada em parva fica mesmo atrás de mim !, mas deixe-me por favor ajudá-la com o seu saco que é pesado”.
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