VISTO DAQUI.... NÃO SEI

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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Conto de Natal

Dia 24 de Dezembro, 17 horas.

Lá fora está frio e chuva como era suposto estar nesse dia. 

Em casa as luzes de Natal iluminam a Sala e a lareira acesa deixa um ligeiro cheiro a lenha queimada que perfuma a casa ao mesmo tempo que o calor provoca um ligeiro rubor nas faces das crianças. 

Elas aguardam ansiosamente a hora de poder abrir os presentes. 

O cheiro a canela e a rabanadas vem da cozinha onde a mãe e a avó conversam enquanto preparam os pitéus que encherão a mesa da sala depois do Jantar que como é tradição, será de Bacalhau com batatas e as couves que a avó trouxe pela manhã. 

O pai, sentado no sofá ao lado do avô, vai lendo o Jornal e discutindo as notícias sem grande convicção.

A televisão repõe clássicos de Natal que os miúdos olham de soslaio esparramados no sofá.

Da rua ouvem-se clássicos de Natal e de vez em quando vozes de pessoas a falar alto enquanto voltam a casa com as últimas compras.

É Natal

Visto daqui …. Parece um quadro Natalício perfeito.  

Vamos ver e ouvir de Perto .....

Na cozinha, Ana discute com a mãe dela a situação do pai que sofre de alzheimer e a cada dia, tem menos momentos de lucidez.

- Eu gostava de poder ajudar mais, mas com o zé desempregado não consigo!

- Eu sei, minha filha, Eu sei…

José, que comentava as notícias do Jornal com o Sogro sem esperar resposta e sem saber sequer se ele o estava a ouvir pensava que a pouca lenha que conseguiu trazer estava a acabar e não podia ligar o aquecimento. Está desempregado há bastante tempo e o subsídio de desemprego acabou. Ele não sabe como vai poder manter a casa nem sequer como vão sobreviver a partir do próximo mês. A Ana, sua esposa, está a tentar ajudar fazendo limpezas mas nem isso está fácil.

Já tinha perdido a vergonha que tivera no início e já tinha tentado tudo mas ninguém quer dar emprego a uma pessoa de 55 anos. Já tinha retirado a licenciatura do CV para se candidatar a empregos sem qualificação mas nem assim …

Enquanto olhava para os filhos, pensava como iria ser com as consultas do Pedro.O Pedro tinha problemas respiratórios que obrigavam a constantes idas ao Hospital e consultas privadas. Sem o subsídio, não as conseguiria pagar e até ao fim deste inverno, a vida do Pedro ia ser um inferno.

A Joaninha, ainda pequena não se apercebia das mudanças que vinham ocorrendo naquela família e sorria feliz enquanto via os desenhos animados na televisão.

As poucas prendas tinham sido compradas a muito custo e eram coisas essenciais como roupa e calçado, depois de a Ana calcorrear quilómetros à procura de algo que pudesse pagar.

A Sogra oferecera o Bacalhau que iam comer hoje ….


José Respirou fundo e pensou: Que acabe depressa o Natal!!! 

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