Dia 24 de Dezembro, 17 horas.
Lá fora está frio e chuva como
era suposto estar nesse dia.
Em casa as luzes de Natal iluminam a Sala e a
lareira acesa deixa um ligeiro cheiro a lenha queimada que perfuma a casa ao
mesmo tempo que o calor provoca um ligeiro rubor nas faces das crianças.
Elas
aguardam ansiosamente a hora de poder abrir os presentes.
O cheiro a canela e a
rabanadas vem da cozinha onde a mãe e a avó conversam enquanto preparam os pitéus que encherão a mesa da sala depois do Jantar que como é tradição, será de
Bacalhau com batatas e as couves que a avó trouxe pela manhã.
O pai, sentado no
sofá ao lado do avô, vai lendo o Jornal e discutindo as notícias sem grande
convicção.
A televisão repõe clássicos de
Natal que os miúdos olham de soslaio esparramados no sofá.
Da rua ouvem-se clássicos de
Natal e de vez em quando vozes de pessoas a falar alto enquanto voltam a casa
com as últimas compras.
É Natal
Visto daqui …. Parece um quadro Natalício
perfeito.
Vamos ver e ouvir de Perto .....
Na cozinha, Ana discute com a mãe
dela a situação do pai que sofre de alzheimer e a cada dia, tem menos momentos
de lucidez.
- Eu gostava de poder ajudar
mais, mas com o zé desempregado não consigo!
- Eu sei, minha filha, Eu sei…
José, que comentava as notícias do
Jornal com o Sogro sem esperar resposta e sem saber sequer se ele o estava a
ouvir pensava que a pouca lenha que conseguiu trazer estava a acabar e não
podia ligar o aquecimento. Está desempregado há bastante tempo e o subsídio de
desemprego acabou. Ele não sabe como vai poder manter a casa nem sequer como
vão sobreviver a partir do próximo mês. A Ana, sua esposa, está a tentar ajudar
fazendo limpezas mas nem isso está fácil.
Já tinha perdido a vergonha que
tivera no início e já tinha tentado tudo mas ninguém quer dar emprego a uma
pessoa de 55 anos. Já tinha retirado a licenciatura do CV para se candidatar a
empregos sem qualificação mas nem assim …
Enquanto olhava para os filhos,
pensava como iria ser com as consultas do Pedro.O Pedro tinha problemas
respiratórios que obrigavam a constantes idas ao Hospital e consultas privadas.
Sem o subsídio, não as conseguiria pagar e até ao fim deste inverno, a vida do
Pedro ia ser um inferno.
A Joaninha, ainda pequena não se
apercebia das mudanças que vinham ocorrendo naquela família e sorria feliz enquanto
via os desenhos animados na televisão.
As poucas prendas tinham sido compradas
a muito custo e eram coisas essenciais como roupa e calçado, depois de a Ana
calcorrear quilómetros à procura de algo que pudesse pagar.
A Sogra oferecera o Bacalhau que
iam comer hoje ….
José Respirou fundo e pensou: Que
acabe depressa o Natal!!!
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