VISTO DAQUI.... NÃO SEI

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segunda-feira, 9 de setembro de 2019

partilhas a minha cama ou o meu sofá ?


Partilhas a minha cama ou partilhas ou meu sofá? Não deixa de ser curioso as várias  definições de partilha de vida…



Muitas vezes falamos em partilhas, em vida em comum, em vidas a dois sem saber o verdadeiro significado disso mesmo. Acho que precisamos de algum recuo na vida para perceber o que realmente importa e para perceber a importância do sofá como imagem das pequenas coisas que nos fazem felizes, que nos preenchem.


Partilhar a cama faz de nós amantes, partilhar o sofá faz de nós um casal.

Quando jovens, somos idealistas e imaginamos verdadeiras epopeias nessa partilha de vida e por vezes elas existem mesmo, mas só por vezes. 

A cama como centro do nosso Mundo em que somos Homem ou Mulher e nos reduzimos à essência do que somos é só a cama, o sofá é onde somos felizes, onde realmente saímos da essência para aquilo em que a vida nos transforma.

No sofá temos dor de barriga, gases e choramos ao ver um filme estúpido. Já não somos machos nem fêmeas, somos pessoas mais completas que tiveram um mau dia, que se chatearam no trabalho ou no transito e é no sofá que aterramos no final de cada dia, encostados numa posição desconfortável, talvez a ver o que não queremos, na televisão.

Amar pode ser fazer Amor até de madrugada ou pode ser ficar com o braço dormente porque ficas mais confortável no sofá… pode ser escrever “Amo-te” no espelho da casa de banho ou obrigar-te a beber um copo de água ao acordar…

Hoje mais maduro percebo melhor a diferença entre as duas coisas e como pequenas coisas nos passam ao lado enquanto aprendemos e crescemos, achando que a vida a dois tem de ser uma batalha.

A vida a dois é tanto sexo, intimidade e prazer como é partilhar um pequeno almoço, um passeio sem rumo, um dia sem descanso, a minha má disposição por um motivo, o olhar cúmplice, o toque furtivo, a ausência, o espaço apertado que me deixas na cama, o sopro no pescoço que tanto me impede de dormir como me embala,… o olhar reprovador porque como fora de horas ou porque não bebo água…. O ver-te sorrir só porque sim …

É muito mais fácil partilhar a cama que o sofá !

quinta-feira, 4 de julho de 2019

We will always have Paris


Esta frase vem de um filme , Casablanca, em que Rick se despede de Ilsa e relembra um breve romance anterior à Guerra. Na boca do Rick ,esta despedida que ele sabia ser final, transformou-se numa homenagem à Mulher que amava e ao local onde foram felizes , antes da Guerra.

Despedir-se de quem se Ama nunca é Feliz, por mais breve que seja o tempo da separação, mais ainda quando a mesma é definitiva.

As pessoas despedem-se daqueles que Amam por milhares de razões, por minutos ou por anos e guardam na memória os seus “Paris” que podem ser qualquer local onde foram felizes ou não.

Só as recordações de um grande Amor podem ser sintetizadas num único momento, com a magia e a força de anos. Só as recordações de um grande Amor podem ser chamadas por um único nome e como um buraco negro, absorver tudo aquilo que ele foi.

Se ainda é, se ainda existe, o Amor ainda se define por muitos lugares e muitos momentos. O primeiro beijo, o primeiro abraço, O momento em que sentimos o estremecer da carne, o suor de dois corpos depois de se amarem…

Todas as partilhas, encontros e desencontros que fazem desse Amor, um Amor que um dia terá o seu Paris, que será Lisboa, Berlim ou Marraquexe.

Enquanto dura e enquanto se Amam, o Amor não será nunca um só lugar, um só tempo. Só a eternidade de uma despedida reduz o amor a um ponto infinitamente pequeno que abrange todos os lugares do Mundo e todos os tempos.

“We will always have Paris” , traduzido, é algo como : “ Amei, Amei muito e hoje consigo sentir todo esse amor que vivi relembrando um único momento , um único Lugar. Pode não ter sido o mais feliz, pode não ter sido o mais longo, o mais próximo ou o mais claro na nossa mente. É um momento que por uma razão que nos escapa, reúne nele só, tudo aquilo que sentimos ao longo daquele Amor.

Seria bom pensar de outra forma nesta frase e escolher um destino ou um momento que ainda não vivemos e projetar nele o Amor.” We will always Have Paris” , onde “Paris” é o futuro que queremos que aconteça e não um ponto de saudade num Amor passado….desde que o Amor não seja já passado.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Uma noite como as outras


Poderia ter sido uma noite como outras noites. Poderia ter sido uma noite em que duas pessoas se conhecem melhor e sentem o sabor dos primeiros beijos, o calor dos primeiros abraços. Poderia ter sido uma noite normal.

No hall daquele hotel, naquela noite chuvosa, a despedida deveria ter sido feita na entrada, com esse beijo e esse abraço. Era o normal naquela situação.

Conheciam-se há poucos dias e tinham partilhado apenas algumas horas em conjunto. A razão ditava uma despedida calorosa, um beijo prolongado e um “até amanhã”.

Mas a razão nem sempre tem razão e naquela noite, sem o saberem, sem o premeditarem, ambos queriam mais.

As poucas horas e os poucos dias passados juntos, não aconselhava a mais.

Foi de uma forma simples e sem mais que com uma vontade de prolongar aquele abraço e aquele beijo que quase sem se aperceberem caminharam para o quarto de hotel.

Era o quarto onde ela deveria ter dormido sozinha, talvez sonhando com ele, talvez não. Era o quarto quente que ele só deveria ter imaginado ao caminhar sobre a chuva miúda, mas persistente que caia naquela noite ainda fria.

Era a cama quente que eles não deveriam ter partilhado.

Quando ele saiu para a chuva miúda, já era dia … já a noite tinha acabado.

Ela tinha adormecido tranquilamente na cama quente e quase nem se apercebeu da saída dele; o corpo dela, suado, agridoce, cheirava ainda ao corpo dele, enquanto ele caminhava sobre a chuva.

Tinha parecido um sonho e ela enrocava-se nos lençóis ainda húmidos.

Foi o frio que a fez enfiar-se debaixo dos lençóis, ainda vestida ; era a busca de um conforto que só mais tarde encontrou nos seus braços , já sem roupa.

Poderia ter sido uma noite como as outras, mas não foi.

Aquela cama não era uma cama qualquer e enquanto caminhava sob a chuva miúda, ele sabia que aquela cama era a cama dele, seja de ferro, de madeira, em qualquer parte, a cama dele era a cama onde ela estava.

Ela tinha entrado na vida dele da mesma forma como ele tinha entrado na cama dela… Como se lá pertencesse e tivesse pertencido sempre.

Mal a conhecia, mal sabia quem era, mas há noites que não são feitas para ser uma noite como as outras e camas que são feitas para serem nossas.


Página em branco














Numa página em branco,

Fiz um rascunho.

No rascunho

Fiz um desenho

No desenho

Fiz uma pintura

Na pintura

Estavas tu.

Fizemos Amor.

Depois, rasguei o papel,

Que já não era uma folha em branco,

E sobre ele, rasgado, deitamo-nos

E sobre ele, rasgado, Amamos muitas vezes.

Era só uma página em Branco afinal…

Nunca teve um rascunho,

Nem desenho, nem pintura.

Era a marca do teu corpo nu

Num papel que não era papel,

Em que a pagina em branco

Sempre foste tu !

domingo, 25 de novembro de 2018

Fórmulas



Toda as pessoas, hoje, procuram formulas para tudo. Formulas para emagrecer, fórmulas para enriquecer, fórmulas para a felicidade…

Todas estas fórmulas são atalhos para um caminho que devemos percorrer na íntegra sob pena de as coisas não correrem como queremos.

Podemos emagrecer seguindo um qualquer regime milagroso que o facebook nos apresenta ou podemos seguir os passos lógicos que são de ter cuidado na alimentação e aumentar o exercício físico. 

Um deles tem muito mais probabilidades de sucesso do que o outro e assegura-nos que estamos no caminho correcto.

Livros de auto-ajuda com verdades incontornáveis vendem-nos receitas milagrosas e querem nos fazer crer que basta acreditar em nós para ter sucesso.

 É obviamente falso, se assim fosse o número de pessoas de sucesso seria igual aos milhões de livros vendidos.  

Este preâmbulo serve para falar de felicidade e da sua busca, mas sobretudo do encontro da mesma. A felicidade é normalmente encontrada longe de onde achamos ou acharam por nós, que ela estaria. Podemos encontra-la no local ou na pessoa mais improvável e não há caminho ou atalho que nos sirva para chegarmos lá.

Não há escolha certa nessa busca, a não ser a escolha de sermos nós mesmos e de olharmos sem filtros para o Mundo. São esses filtros que muitas vezes nos escondem os caminhos e as pessoas onde poderemos encontrar a felicidade ou alguma felicidade.

Estes filtros são-nos colocados por tudo aquilo que vivemos antes, pelo que nos rodeia e por tudo aquilo que nos “vendem” como sendo a escolha segura, a escolha certa, o caminho único que não é mais que o caminho que segue a maioria. 

Uma maioria que é infeliz e que nos apresenta uma felicidade falsa em que queremos acreditar. Somos mais um, de um rebanho que vai do ponto A ao ponto B sem olhar para as múltiplas opções que a vida nos dá todos os dias, sem tempo de olharmos para onde pode estar a nossa felicidade.

Aprendemos desde cedo a ter medo de divergir, medo de sermos ousados, medo de sermos nós mesmo. Para encontrar a felicidade (e não para procurar) devemos ousar e talvez possamos encontrar ao longo do caminho os ingredientes da receita mais complicada de todas. 

Mas mesmo com todos os ingredientes e como acontece em qualquer receita, é necessário engenho e sabedoria para cozinhá-los como deve ser

A felicidade é o único prato que tem uma infinidade de receitas e em que nenhuma pode ser repetida.

A felicidade não se procura, encontra-se, mas só se nos prepararmos para a ver

A felicidade e é um estado e como qualquer estado não é absoluto nem definitivo. É na felicidade que a gramática nos ajuda, nunca somos felizes…estamos felizes!

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

E se ?

Nas curvas e encruzilhadas de uma vida e quando vasculhamos o passado vem muitas vezes a pergunta: E se ?

E se …Naquele momento tivesse cedido ?

E se …tivesse recusado?

E se… ?



Nem sempre é um lamento, nem sempre é uma mágoa; muitas vezes é a constatação tardia que a vida teve sempre mais opções que aquelas que julgávamos ter à disposição.

Muitas vezes, no momento, as opções parecem únicas e falta o recuo que nos permite ver que existem quase sempre mais.

A nossa vida e a dos outros é afectada por decisões que tomamos e que são aquelas que julgamos serem as melhores no momento.

Por vezes achamos que isso mudaria alguma coisa mas muitas vezes não mudaria absolutamente nada.

Vivi uma situação assim quando cruzei, anos atrás, uma pessoa. Era uma pessoa de um passado distante que me tinha marcado e passou a fazer parte de um imaginário do presente e quem sabe, do futuro.

Muitas vezes pensei que se naquele momento tivesse ido falar com ela, poderia ter começado uma bela história. Fantasiei muito com esse momento, e sem querer, transformei uma ideia numa certeza e aquela Mulher passou a ocupar um espaço na minha vida, que estava vazio.

Tive a oportunidade de remendar a situação com alguns anos de atraso e, enchendo-me de coragem, fui falar com ela. Foi uma tentativa de responder ao “ E se ?” e de fintar um destino descobrir respostas onde só havia perguntas.

Depois do encontro, a resposta não poderia ter sido mais clara.

Se, anos antes, tivesse ido falar com ela, ela teria sumido rapidamente do meu imaginário, 
transformando-se numa realidade vazia e insípida que teria desvanecido em pouco tempo; o mesmo tempo que a fez ganhar proporções que não merecia nos meus sonhos e anseios.

A resposta ao meu “ E se? ” era evidente. mas oposta ao que eu imaginava. 

Muitas vezes a resposta á pergunta é bem menos interessante do que a própria pergunta e do que aquilo que pensámos, mas são estes “ E se? ” que nos fazem muitas vezes sonhar e só por isso valem a pena.

Uma vida sem “ E se?” , seria uma vida fatalista. Nas horas mais negras necessitamos acreditar que tudo poderia ter sido diferente. Ao escrever este texto, relembro muitos momentos de decisões que teriam feito da minha uma vida toda uma outra vida.

E se nada isso importa ?
E se a nossa vida está traçada com um destino previamente definido ?
E se todos os  “ E se?” fossem só uma forma de sonharmos e acreditarmos que controlamos a nossa vida ?


E se assim não for ?

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Amores comparados


Depois de um grande Amor que se foi, porque todos os Amores acabam de uma forma ou de outra, tendemos a comparar as pessoas que cruzamos e que nos tocam,  com o “tal” Amor. Tentamos reconstruir nas cinzas do Amor Que se foi, um Amor novo à semelhança do outro.

Somos demasiadas vezes injustos com a “nova” pessoa porque é na singularidade que está a beleza e na unicidade que está a riqueza de uma relação, de um Amor.

Nenhum Amor novo poderá ter a presença de um Amor que durou. O amor deixou marcas em cada despedida, em cada reencontro, em cada fotografia, em cada móvel!

O novo Amor, por mais forte que seja, por melhor que seja ainda é … novo! Ainda irá ter de deixar a sua marca em coisas que tocaremos, em momentos que viveremos e um dia será esse o Amor velho, se assim o tempo o permitir.

Este erro (comparar) será tanto mais comum quanto mais forte terá sido o Amor ido e quanto mais sentimos a falta dele.

O novo Amor não será nunca uma cópia do anterior nem se assemelhará ao próximo porque os momentos são diferentes, as pessoas são diferentes.

Mesmo com a mesma pessoa o Amor teria sido diferente. O Amor é condicionado pelo tempo em que aparece, pelas circunstâncias em que cresce e seria sempre único se o momento fosse diferente.

Não Amo hoje como Amei no passado. Amo hoje como a minha vida me fez Amar, somando as experiências, que incluem os meus Amores passados.

O meu Amor de hoje “deve” a todos os meus Amores de ontem que me fizeram crescer, aprender com os erros e ser o que sou hoje.

Talvez chore um pouco mais tarde,

Talvez me proteja mais e te proteja mais

Talvez seja mais sincero

Talvez seja mais eu do que fui, e menos do que serei, se voltar a Amar

Temos menos a perder quando Já Amamos e mais a ganhar com um novo Amor.

O Tempo (mais uma vez o Tempo) faz-nos ser outros, sendo o mesmo.

Quando uma caricia tua é “só” uma caricia, e um Beijo teu, “só” um beijo e quando o teu nome soar tão familiar quanto o meu, estou pronto a Amar de novo e nesse momento, só nesse momento, o Amor antigo funde-se de forma indelével passa a fazer parte de mim, fazer parte do que sou. Não nos comparamos porque somos nós mesmos.

É quando não comparamos mais, que estamos prontos.


Parece simples … mas não é!