
Muitas vezes falamos em partilhas,
em vida em comum, em vidas a dois sem saber o verdadeiro significado disso
mesmo. Acho que precisamos de algum recuo na vida para perceber o que realmente
importa e para perceber a importância do sofá como imagem das pequenas coisas que
nos fazem felizes, que nos preenchem.
Partilhar a cama faz de nós amantes,
partilhar o sofá faz de nós um casal.
Quando jovens, somos idealistas e
imaginamos verdadeiras epopeias nessa partilha de vida e por vezes elas existem
mesmo, mas só por vezes.
A cama como centro do nosso Mundo em que somos Homem
ou Mulher e nos reduzimos à essência do que somos é só a cama, o sofá é onde somos
felizes, onde realmente saímos da essência para aquilo em que a vida nos transforma.
No sofá temos dor de barriga,
gases e choramos ao ver um filme estúpido. Já não somos machos nem fêmeas,
somos pessoas mais completas que tiveram um mau dia, que se chatearam no
trabalho ou no transito e é no sofá que aterramos no final de cada dia,
encostados numa posição desconfortável, talvez a ver o que não queremos, na
televisão.
Amar pode ser fazer Amor até de
madrugada ou pode ser ficar com o braço dormente porque ficas mais confortável
no sofá… pode ser escrever “Amo-te” no espelho da casa de banho ou obrigar-te a
beber um copo de água ao acordar…
Hoje mais maduro percebo melhor a
diferença entre as duas coisas e como pequenas coisas nos passam ao lado enquanto
aprendemos e crescemos, achando que a vida a dois tem de ser uma batalha.
A vida a dois é tanto sexo,
intimidade e prazer como é partilhar um pequeno almoço, um passeio sem rumo, um
dia sem descanso, a minha má disposição por um motivo, o olhar cúmplice, o toque
furtivo, a ausência, o espaço apertado que me deixas na cama, o sopro no pescoço
que tanto me impede de dormir como me embala,… o olhar reprovador porque como fora
de horas ou porque não bebo água…. O ver-te sorrir só porque sim …
É muito mais fácil partilhar a
cama que o sofá !
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