VISTO DAQUI.... NÃO SEI

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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

LAÇOS

Por vezes julgamos, definimos ou avaliamos as relações por sentimentos: Amamos, gostamos, odiamos, aturamos, respeitamos, etc..

A variedade de sentimentos é grande e a variabilidade dos mesmos ao longo do tempo também é grande. Hoje gostamos, amanhã amamos e talvez daqui a uns anos odiemos. O que sentimos em relação a uma pessoa é algo de passageiro, efémero por vezes, demorado em alguns casos, mas nunca definitivo. 

O que dois idosos sentem um pelo outro no final de uma vida em conjunto não é seguramente igual ao que sentiram quando muitos anos antes eram ainda vigorosos amantes ou quando, recuando ainda mais no tempo, trocavam os primeiros beijos.

O que distingue realmente uma relação são os laços, uma palavra que em português não tem o peso que tem noutros línguas. “Laço” é o laço de uma prenda ou o laço de um cordão de sapato e não as amarras que unem duas pessoas para sempre.

Quando dobramos uma barra de ferro até um certo ponto, ela volta ao seu formato original, se dobrarmos um pouco mais, a dobra ficará para sempre.

Quando existe um laço entre duas pessoas, passa-se a mesma coisa e é nesta altura que a relação atinge um ponto de não-retorno.

Quando nos une um laço com outra pessoa, as coisas mudam para sempre. As diferenças, aquilo que não gostamos ou gostamos menos, os gestos, as desilusões e tudo aquilo que faz parte de uma relação passam a estar dentro do “laço”. Um desgosto passa a ser só um desgosto e não um Adeus. Uma desilusão traz vontade de mudar e de fazer o outro mudar mas tudo fica dentro do laço.

Quando a soma de todos as desilusões e desamores obriga a uma separação, a dor é mais forte porque entre eles há um laço e este laço ficará. O Adeus não é um verdadeiro Adeus, mas antes, um até já. Estarão juntos noutro registo e com outros sentimentos ou talvez só juntos na ausência física um do outro, mas sabem que o laço está lá

Pode haver retorno no sentimento mas ficarão ligados para sempre. Nesta fase, o “eu” e o “tu” passam a ser “nós” e fundem-se. Poderão não ser um casal daqui a algum tempo, poderão não ser um “nós”, como os definimos normalmente, mas nunca mais serão um “eu” e um “tu”.


Acredito que ao longo de uma vida e no que a relações amorosas diz respeito, criamos muitos poucos laços por mais que amemos. Alguns terão criado um único laço e sentir-se-ão felizes com isso, outros terão criado dois ou três e serão igualmente felizes. Os Amores vão e vêm, esquecem-se e desvanecem ao longo de uma vida mas os laços ficam para sempre.

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