Por vezes julgamos, definimos ou
avaliamos as relações por sentimentos: Amamos, gostamos, odiamos, aturamos,
respeitamos, etc..
A variedade de sentimentos é
grande e a variabilidade dos mesmos ao longo do tempo também é grande. Hoje
gostamos, amanhã amamos e talvez daqui a uns anos odiemos. O que sentimos em
relação a uma pessoa é algo de passageiro, efémero por vezes, demorado em
alguns casos, mas nunca definitivo.
O que dois idosos sentem um pelo outro no
final de uma vida em conjunto não é seguramente igual ao que sentiram quando
muitos anos antes eram ainda vigorosos amantes ou quando, recuando ainda mais
no tempo, trocavam os primeiros beijos.
O que distingue realmente uma
relação são os laços, uma palavra que em português não tem o peso que tem
noutros línguas. “Laço” é o laço de uma prenda ou o laço de um cordão de sapato
e não as amarras que unem duas pessoas para sempre.
Quando dobramos uma barra de ferro
até um certo ponto, ela volta ao seu formato original, se dobrarmos um pouco mais,
a dobra ficará para sempre.
Quando existe um laço entre duas
pessoas, passa-se a mesma coisa e é nesta altura que a relação atinge um ponto
de não-retorno.
Quando nos une um laço com outra
pessoa, as coisas mudam para sempre. As diferenças, aquilo que não gostamos ou
gostamos menos, os gestos, as desilusões e tudo aquilo que faz parte de uma
relação passam a estar dentro do “laço”. Um desgosto passa a ser só um desgosto
e não um Adeus. Uma desilusão traz vontade de mudar e de fazer o outro mudar
mas tudo fica dentro do laço.
Quando a soma de todos as
desilusões e desamores obriga a uma separação, a dor é mais forte porque entre
eles há um laço e este laço ficará. O Adeus não é um verdadeiro Adeus, mas
antes, um até já. Estarão juntos noutro registo e com outros sentimentos ou
talvez só juntos na ausência física um do outro, mas sabem que o laço está lá
Pode haver retorno no sentimento mas
ficarão ligados para sempre. Nesta fase, o “eu” e o “tu” passam a ser “nós” e
fundem-se. Poderão não ser um casal daqui a algum tempo, poderão não ser um “nós”,
como os definimos normalmente, mas nunca mais serão um “eu” e um “tu”.
Acredito que ao longo de uma vida
e no que a relações amorosas diz respeito, criamos muitos poucos laços por mais
que amemos. Alguns terão criado um único laço e sentir-se-ão felizes com isso,
outros terão criado dois ou três e serão igualmente felizes. Os Amores vão e
vêm, esquecem-se e desvanecem ao longo de uma vida mas os laços ficam para
sempre.
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