Meu irmão,
Esta Guerra, estas bombas não são minhas, nunca as quis! Eu
sei que também não são tuas e sei que tens medo.
Vi filhos a morrer nos braços de mães, vi mães a morrer no
colo de filhos enquanto as bombas sem rosto e sem pátria nos matavam.
Bombas
talvez feitas no teu país, lançadas, talvez, de aviões feitos pelos teus
irmãos, antes de voltarem para casa junto das suas famílias.
Dizes-me que não tens culpa e entendo-te, Juro que entendo.
Dizes que este país é teu e eu pergunto: “Meu irmão, o que é um País?”
Fronteiras são cicatrizes mal curadas de feridas abertas ao
longo do tempo por aqueles que não queriam a paz mas sim a guerra. Não fui eu
que as fiz, nem foste tu.
Tu que acreditas no teu Deus diz-me onde ele dividiu a
Terra? Diz-me onde ele desenhou estas linhas imaginárias que fizeram morrer tanta
gente em seu nome desde que o homem existe.
Por uma estranha coincidência, nas terras áridas onde morríamos
de fome porque a terra é madrasta, estava a morte diluída num líquido negro,
que atravessou as tuas fronteiras sem que reclamasses e hoje por causa dele…. Morremos todos. Morro eu das bombas, morres tu de forma mais lenta, morre o Mundo.
Eu não quero a tua pátria, quero a minha paz e a paz não
pode ter fronteiras!
Peço desculpa por te chamar irmão mas sei que me vais
entender, senão hoje, talvez daqui a algum tempo. Talvez seja demasiado tarde,
talvez eu esteja já morto mas se não entenderes isso a tempo de me salvar, entende
pelo menos a tempo de te salvar porque em cada uma dessas crianças, mulheres e
homens que morrem, acredita que morres um pouco também !
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