VISTO DAQUI.... NÃO SEI

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terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

CICATRIZES

“O Tempo só existe para não acontecer tudo ao mesmo tempo” . Esta frase não é minha e li-a em qualquer lado, mas por vezes relembro-a quando faz sentido, e faz muitas vezes.

Podemos medir muita coisa em função do tempo mas podemos medir sentimentos pelo tempo que duram?

Seria como definir a fisionomia de uma pessoa só pela altura ou só pelo peso e o resultado dessa medição seria incompleto.

Já todos vivemos loucas paixões quase instantâneas e já todos vivemos Amores em banho-maria. Viver um Grande Amor por muito tempo é obra e não está ao alcance e todos e nem todos tiveram a sorte de o viver.

Hoje, mais que ontem, penso que o tempo é só mais um factor de uma equação muito complexa. Como decidimos que uma paixão, uma relação uma noite ou até só um beijo, são importantes?

Talvez quando eles deixam uma marca indelével no mapa da nossa vida, um pouco como aquelas medidas na parede que os nossos pais faziam para ver o nosso crescimento.

Essas marcas são, em nós, cicatrizes que as relações nos deixam e quanto mais profunda a cicatriz, mais importante ela foi. A cicatriz pode ser longa e pouco profunda ou pode ser pequena e ser um sulco como que marcado a fogo! Quando acabam, doem, por vezes muito, por vezes muito pouco e outras, simples arranhões não resistirão ao nascer do dia.  

É com estas cicatrizes que crescemos e aprendemos; é olhando para elas que fazemos, talvez, um balanço do que foi a nossa vida.

Muitas vezes, sozinhos numa escuridão completa, passamos as pontas dos dedos pelas cicatrizes e relembramos momentos únicos, como se estivéssemos a ler a nossa vida em braille.

Algumas vezes estamos com alguém que ainda não deixou a sua marca e discretamente relemos a nossa vida, passando o dedo pelas cicatrizes e sonhando com mais algum.

O tempo não apaga os sulcos mas torna-os menos pronunciados, menos intensos, e sulcos mais recentes tendem a ocupar o seu lugar até eles próprios se tornarem menos profundos.

Não vivemos sem essas cicatrizes, muitas, poucas, longas ou algumas do tamanho de um ponto… são elas que nos definem, são elas que nos dizem quem somos a cada momento.


Eu sei que algumas cicatrizes mais profundas que tive, hoje já não são tão profundas e outras, que hoje ainda me marcam, serão apenas lembranças daqui a algum tempo, mas na escuridão saberei sempre como foram, como me marcaram e marcaram a minha vida, como doeram ou não doeram, enquanto os arranhões, esses,  serão apagados uns após outros não deixando marcas.

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