“O Tempo só existe para não
acontecer tudo ao mesmo tempo” . Esta frase não é minha e li-a em qualquer
lado, mas por vezes relembro-a quando faz sentido, e faz muitas vezes.
Podemos medir muita coisa em
função do tempo mas podemos medir sentimentos pelo tempo que duram?
Seria como definir a fisionomia
de uma pessoa só pela altura ou só pelo peso e o resultado dessa medição seria
incompleto.
Já todos vivemos loucas paixões
quase instantâneas e já todos vivemos Amores em banho-maria. Viver um Grande
Amor por muito tempo é obra e não está ao alcance e todos e nem todos tiveram a
sorte de o viver.
Hoje, mais que ontem, penso que o
tempo é só mais um factor de uma equação muito complexa. Como decidimos que uma
paixão, uma relação uma noite ou até só um beijo, são importantes?
Talvez quando eles deixam uma
marca indelével no mapa da nossa vida, um pouco como aquelas medidas na parede
que os nossos pais faziam para ver o nosso crescimento.
Essas marcas são, em nós, cicatrizes
que as relações nos deixam e quanto mais profunda a cicatriz, mais importante ela
foi. A cicatriz pode ser longa e pouco profunda ou pode ser pequena e ser um sulco
como que marcado a fogo! Quando acabam, doem, por vezes muito, por vezes muito
pouco e outras, simples arranhões não resistirão ao nascer do dia.
É com estas cicatrizes que
crescemos e aprendemos; é olhando para elas que fazemos, talvez, um balanço do
que foi a nossa vida.
Muitas vezes, sozinhos numa
escuridão completa, passamos as pontas dos dedos pelas cicatrizes e relembramos
momentos únicos, como se estivéssemos a ler a nossa vida em braille.
Algumas vezes estamos com alguém
que ainda não deixou a sua marca e discretamente relemos a nossa vida, passando
o dedo pelas cicatrizes e sonhando com mais algum.
O tempo não apaga os sulcos mas
torna-os menos pronunciados, menos intensos, e sulcos mais recentes tendem a
ocupar o seu lugar até eles próprios se tornarem menos profundos.
Não vivemos sem essas cicatrizes,
muitas, poucas, longas ou algumas do tamanho de um ponto… são elas que nos
definem, são elas que nos dizem quem somos a cada momento.
Eu sei que algumas cicatrizes mais
profundas que tive, hoje já não são tão profundas e outras, que hoje ainda me
marcam, serão apenas lembranças daqui a algum tempo, mas na escuridão saberei
sempre como foram, como me marcaram e marcaram a minha vida, como doeram ou
não doeram, enquanto os arranhões, esses, serão apagados uns após outros não deixando
marcas.
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